Alguns dizem que o mundo é dos Espertos
Fico espantado quando alguém pronúncia a seguinte frase: “o mundo é dos espertos”. Penso: esperto em que sentido? No sentido de enganar os outros, ou no sentindo de mais desenrolado. Em ambos os sentidos a pessoa que usa a esperteza está querendo tirar vantagens na frente de outra pessoa, ou de outras pessoas.
Quando se trata de coisas pequenas, como: burlar filas, camelô vender produtos estragados, intrigas no trabalho para derrubar colegas e tomar o cargo, fofocas entre amigos, enfim qualquer coisa desse tipo. Agora, o mais interessante, é que sempre que acontecem essas situações, observo que algumas pessoas aprovam tal conduta, ficam rindo daquele que foi enganado, e elogiando o esperto, como fosse um mérito.
A culpa é do otário
O impressionante, é que as pessoas acham, que a culpa é do “otário” que não percebeu tamanha esperteza do outro, como existisse uma “educação” para aprender a lidar com situações de esperteza, e quando é trapaceada não aprendeu a lição. A culpa é da pessoa que foi lesada, nesse momento faz-se uma apologia à desonestidade.
No entanto essas mesmas pessoas que aceitam com “normalidade” as pessoas espertas, cobram melhorias na educação formal, para os seus filhos. Afinal, qual educação elas estão cobrando.
A inclusão de uma disciplina da Esperteza (com conteúdo: como se livrar/lidar com a esperteza dos outros e não se deixar enganar), ou uma disciplina da Honestidade (com conteúdo: como ser uma pessoa honesta e respeitar os outros). Acredito que essas pessoas que fazem apologia à desonestidade prefere a primeira disciplina.
Elas querem perpetuar a esperteza, e não percebem que a esperteza evolui, e aqueles que enganam na fila do banco hoje, poderão mais tarde aumentar o grau de esperteza, como: sonegar o imposto de renda, enganar em campanha política, desviar verbas da merenda escolar, manipular licitação de medicamentos, tirar vantagem em verbas públicas, enfim fazer tudo que ele sabe fazer com a sua esperteza, que é enganar as pessoas na sua boa-fé.
Os fins jamais justificam os meios
São pessoas que só querem se dar bem na vida, aplicando golpe e prejudicando as pessoas a qualquer custo. Para essas pessoas “os fins justificam os meios”. A vida não deve ser assim “os fins jamais justificam os meios”, os espertos são trapaceiros, é no modelo dos espertos que criou o mito que todos os ricos são desonestos, isso não é verdade.
Na verdade as pessoas boas, também enriquecem, sem serem desonestas ou espertas. Para essas pessoas a honestidade está acima de tudo. Alias como falei anteriormente, a riqueza material está associada à riqueza espiritual, a sua grandeza interior, se seu interior é amor, tudo em sua volta será amor. Para essas pessoas a riqueza acontece pelos seus esforços naturalmente, sem necessariamente enganar ou aplicar golpe em outras pessoas.
A propósito, no Livro dos Espíritos de Allan Kardec, ele faz uma pergunta aos Espíritos – pergunta nº 932: Por que, neste mundo, os maus exercem geralmente maior influência sobre os bons? Resposta: Pela fraqueza dos bons. Os maus são intrigantes e audaciosos; os bons são tímidos. Estes, quando quiserem, assumirão a predominância.
Extraindo um trecho do comentário de Waldenir Aparecido Cuin “… É valioso identificar os males que decorrem da corrupção, dos favorecimentos ilícitos, das coisas arranjadas, mas somente isso não impede que tais desatinos continuem a ocorrer. Indispensável que saiamos a combater, com coragem e determinação, essa cultura imoral, danosa e trágica que tantos prejuízos causam no seio das coletividades…”.
O mundo é dos Despertos
Como observamos na resposta dos Espíritos, existem os bons que sofrem influência dos maus, mas podem se desvincular dessas influências, tonando-se Despertos. Aqueles que estão buscando o melhor para todos, não apenas para si próprio.
São aqueles que aprenderam com a disciplina da Honestidade, e em momento algum aplica a esperteza nas suas ações, podem até serem enganados pelos espertos, pois os espertos são tão astuciosos, que sempre estão inventando novas maneiras de enganar e burlar as pessoas. Mesmo assim, estão sempre vigilantes quanto às artimanhas dos espertos, para não cair em suas armadilhas.
Os despertos são pessoas que agem sempre no bem e no amor ao próximo. Alimentam-se da ética, do caráter, da compaixão e dos princípios imutáveis que norteiam a vida, se espelham na máxima cristã que afirma: “amar ao próximo como a ti mesmo”. São esses que ajudam acima de qualquer situação, e fazem com que o mundo seja melhor para todos.
Como vemos, os espertos são minoria e são intrigantes e audaciosos, os despertos é a maioria, porém tímidos, e quando quiserem comandarão a sociedade, exterminando por completo a esperteza e construindo uma sociedade justa e igualitária para todos. O mundo não é dos espertos, o mundo é dos Despertos.
Um forte e grande abraço
Damião Maximino
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